Baseado
no artigo da scientifc american, "vestígios da Amazônia
pré-colonial" de Eduardo Góes Neves
CIVILIZAÇÕES
AMAZÔNICAS
Na
época do descobrimento do Brasil foram feitas expedições de
exploração pelo rio Amazonas .
Os
relatos destas expedições contam que as margens do rio Amazonas e muitos
de seus afluentes eram habitados por populações densas que viviam em
grandes aldeias com até alguns milhares de pessoas. Estas sociedades
estavam integradas regionalmente por extensas redes de comércio e tinham
um padrão de organização política hierarquizado.
Porém
não é unânime no meio arqueológico que estes relatos sejam de todo
confiáveis, alguns cientistas acreditam que o relato dos cronistas da
época seriam exagerados para com as falsas informações conseguirem
recursos na europa para realizarem novas expedições. Um exemplo típico
deste tipo de manipulação de informação seria a lenda das mulheres
guerreiras contra as quais Francisco de Orellana, que chefiava uma
expedição no interior do rio amazonas no ano de 1542, teria lutado, a
lenda das amazonas teria dado nome ao rio.O cronista da expedição de
Orellana era um frei chamado Gaspar de Carvajal, ele contou esta provável
lorota mas também deixou registros interessantes do que realmente
encontraram nesta região e nesta época recuada.
Outros
arqueólogos aceitam os relatos dos cronistas sobre a densidade
populacional e modo de vida destes povos como sendo um retrato fiel do
modo de vida local. Para estes cientistas a Amazônia era densamente
ocupada nessa época, sendo que o processo de colonização européia
teria levado em algumas décadas a um drástico declínio demográfico,
resultante da propagação de doenças, escravidão e conflitos bélicos.
TRADIÇÃO
POLICROMA DA AMAZÔNIA
O
frei Carvajal relata, nesta expedição de 1542, que os exploradores
chegaram com fome a uma aldeia numa barranca do rio, e como a aldeia fosse
pequena, eles a saquearam. Nessa aldeia o frei descreve que havia muita
louça de diversos tamanhos e formatos, alugns vasos enormes e vasilhas
pequenas, pratos e tigelas, e ele descreveu-as como de uma qualidade
excepcional, como as melhores do mundo, afirmou que ela é toda alisada e
esmaltada e de cores vivas que surpreendem. Ficou conhecida como
"a aldeia de louça", e deveria estar localizada às margens do
rio Solimões, entre a atual cidade de Coari e a foz do rio Negro.
Este
tipo de louça descrito na expedição é chamada de tradição
policroma da Amazônia, e são encontradas em um extensa área que
vai, com interrupções, desde a ilha de Marajó até o sopé dos Andes,
na Colômbia, Peru e Equador.
Cerâmicas
policrômicas são de impressionante beleza, grande diversidade de formas
e padrões decorativos, que variam de acordo com a região.
Existem
muitas coleções em museus nacionais e estrangeiros, porém pouco se sabe
das sociedades que as fabricavam.
OCUPAÇÃO
DA BACIA AMAZÔNICA
A tese de que as
margens do Amazonas era densamente povoado tem como principal
sustentação o fato de que esta área e suas adjacências estão repeltas
de sítios arqueológicos, e alguns ainda de grande porte.
O levantamento
arqueológico feito no sítio Dona Stella, onde foram encontrados
artefatos de pedra lascada e uma ponta de flecha enterrados em depósitos
arenosos a mais de 1 metro de profundidade, indica que a região é
ocupada há cerca de 8.000 anos, é um dado compatível com levantamentos
de outras regiões amazônicas que situam o início da ocupação humana
há 11.000 anos.
Houve uma rápida
colonização de vários ambientes, nas planícies aluviais, em terra
firme, distante dos rios como na serra dos Carajás. Os primeiros
habitantes tinham um modo de vida organizado em economia diversificada,
baseada na caça, pesca e coleta.
Após as
ocupações iniciais há 8.000 anos, surge uma vazio cronológico, com
duração de alguns milhares de anos, interrompido então há 2.500 anos
atrás, pelo súbito aparecimento de ocupações associadas a grupos
que produziam cerâmica.
O porque deste
vazio na ocupação da área não é bem claro, 2 motivos se apresentam,
ou não são encontrados indícios de ocupação porque estariam submersos
por mudanças nos níveis dos rios durante o holoceno, ou realmente
ocorreu uma interrupção duradoura na ocupação humana nestas áreas.
A fabricação de
cerâmica na arqueologia amazônica é das mais antigas que se tem
notícia nas Américas, com início há 5.500 anos e até 7.000 nos
sambaquis litorâneos e fluviais do Pará, nas regiões do estuário e
baixo Amazonas.
Inclusive nessa
área não se notam interrupções na sequência cronológicas tão
marcantes como as da Amazônia central.
Mas realmente é a
partir de 2.500 anos atrás que mudanças nos padrões de organização
social, econômica e política tornam-se notáveis no registro
arqueológico da Amazônia central. Nesta época também que
manifestações duradouras e visíveis de modificações paisagísticas
começaram a se formar.
O aspecto mais
visível dessas mudanças é o aumento no tamanho, densidade e duração
de ocupação nos sítios arqueológicos. Evidências de aldeias maiores,
ocupadas por períodos mais longos, acreditam alguns cientistas, outros no
entanto a ocorrência de grandes sítios seria tão somente devido a
eventos de reocupação sucessiva dos mesmos locais por diferentes
populações.
Os que acreditam
na hipótese de reocupações sucessivas seguem a premissa de que
há, e houve, na Amazônia limites ambientais para o crescimento
demográfico como baixa fertilidade do solo, pouca disponibilidade de
proteína animal, imprevisibilidade nos regimes de cheia dos rios e
ocorrência de fenômenos extremos de mudança climática no passado.
Já os que
acreditam na hipótese da ocupação de longa duração, seguem a
premissa oposta, de que não houve na Amazônia pré-colonial
limites ambientais ao crescimento demográfico e que, onde isto possa ter
ocorrido, atividades de manejo contribuíram para aumentar a capacidade de
suporte do meio ambiente.
SÍTIOS
ARQUEOLÓGICOS
Os sítios
arqueológicos são encontrados em 2 tipos de solos:
Os solos de TERRA
ESCURA e os solos de TERRA CLARA.
O solo típico da
área é amarelado, pouco fértil e ácido. As áreas de solo escuro são
pontuais, inseridos em locais arenosos ou argilosos e estão quase que
sempre associados a sítios arqueológicos, quer dizer que existem alguns
sítios em locais de terra clara, mas sempre existem sítios em locais de
terra escura.
As terras pretas
são surpreendentemente estáveis, férteis por séculos, isto não é
típico da Amazônia que apresenta solo com baixa capacidade de retenção
de nutrientes. É provável que a estabilidade nas terras escuras seja
divido a associação entre fatores naturais e fatores culturais, ou seja,
uma associação entre um solo naturalmente bom e restos deixados por
colonização humana como, fragmentos de cerâmica, carvão de fogueiras,
ossos de animais caçados. O bom solo seria naturalmente escolhido para
ser habitado pelas suas qualidades intrínsecas e ainda se fortaleceria ao
longo do tempo com restos orgânicos deixados pelos próprios habitantes.
Além dos fatores
de fertilização pela presença humana, como enriquecimento por
carbono, fosfato, cálcio e outros, ele ainda se torna menos sujeito a
erosão por percolação e velocidade de evaporação da água devido a
presença intensa de cacos de cerâmica na sua constituição.
As manchas de
terra escura podem variar de poucos metros quadrados até centenas de
hectares e sua profundidade pode variasr de 30cm até 2 metros.
As terras pretas
parecem surgir em toda a amazônia a partir de 2.000 anos atrás, a única
exceção é Rondônia onde foram encontrados locais de terra escura com
até 4.000 anos.
A formação dos
terrenos de terra preta é resultado de ocupação humana em assentamentos
sedentários por longos períodos de tempo, com deposição constante de
refugos orgânicos, restos de comida, carvão etc.
O processo de
formação de terra preta não foi uniforme, variando de acordo com a
intensidade da ocupação, o grau de sedentarismo e a densidade
demográfica dos assentamentos.
Na Amazônia
central, encontram-se sítios de terra preta surgidos a 1.600 anos, mas em
áreas em que a ocupação humana ocorreu muito antes Na verdade áreas de
campinarama apresentam sítios pré cerâmicos associados a artefatos de
pedra bifaciais datados de 8.000 anos. Mas há cerca de 2.300 é que
surgem ocupações associadas a grupos que produziam cerâmicas em estilo
semelhante ao do baixo Amazonas, mas estas ocupações são menores e
menos densas quando comparadas como os locais com terra preta.
sítios
de terra preta
Os locais com
terra preta denotam uma mudança no processo de ocupação da região.
O modo de vida
deve ter mudado por causa da adoção de uma economia mais dependente da
agricultura.
O início do
processo de domesticação de plantas na América do Sul ocorreu há
10.000 anos, mas só muito mais tarde a agricultura tornou-se uma
atividade produtiva.
Os sítios de
terra preta tem caracterísitcas bem peculiares. Solo bem fértil,
abundância de fragmentos cerâmicos na superfície e tipos de vegetação
de capoeira, diferentes das matas altas de terra firme.
Pode-se constatar
em alguns dos sítios escavados na Amazônia Central, que eles foram
abandonados bem antes do período colonial de 500 a 1000 d.C., porém a
região continuou sendo habitada até 1500.Ou seja enquanto num passado
distante as áreas foram aldeias exclusivamente, em um momento da
história subsequente estas mesmas terras pretas viraram locais de plantio
inclusivemente.
É evidente que os
povos da região percebiam claramente a presença destas áreas de terra
preta e ao que tudo indica continuaram usando-as, desta vez como áreas
favoráveis a agricultura, o que denota manejo ambiental.
Constata-se
que não houve um crescimento de vegetação de grande porte nesta áreas,
então a área de confluência do Rio Solimões e rio Negro compunha um
imenso mosaico, com significativa interferência antrópica.
sítios
de terra clara
O cenário
visível do passado da região é de aldeias de tamanhos variáveis,
roças em diferentes estágios de cultivo, cemitérios, áreas de terra
preta cobertas por capoeira, trilhas conectando esses locais.
O artigo também
sugere que : matas altas de ocupação pré-colonial da região
ainda são muito pouco conhecidas, como os estados do ACRE , RORAIMA e
RONDÔNIA.
A região de
Roraima era provavelmente um elo de ligação entre as sociedades
assentadas ao longo da calha do Amazonas e Negro e as sociedades do
litoral das Guianas.
Já as
populações assentadas no Acre e Rondônia mantinham algum tipo de
contato indireto com as sociedades andinas
É
muito evidente a presença das áreas de terra preta, note a cor escura da
terra,
e
a presença maciça de cacos de cerâmica espalhados no chão
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