Hoje
em dia temos a certeza de que a idade da Terra situa-se em torno de 4,5
bilhões de anos. As teorias que levaram a esta conclusão cada vez mais
são comprovadas e reafirmadas, porém o cenário do desenvolvimento
inicial do planeta sofre reavaliações surpreendentes conforme novas
tecnologias e conhecimentos modernos permitem reformular, testar,
verificar e comprovar novas teorias.
ERA
HADEANA
Na infância da Terra, a aproximadamente 4,5 bilhões de anos a Terra
brilhava como se fosse um fraca estrela. Haveriam oceanos incandescentes
de magma, como um caldo ondulante e borbulhante de lava, proveniente das
inúmeras colisões com meteoros gigantescos, alguns do tamanho de
pequenos planetas, que saturavam o espaço orbitando ao redor da jovem
estrela, nosso Sol. Estes meteoros viajando a 90.000 km/h quando trombavam
com a Terra, estilhaçavam e derretiam-se , por vezes vaporizavam-se, no
momento do choque espetacular. Já de saída o ferro que continham
afundava na superfície terrestre e iria formar o núcleo terrestre, que
ainda hoje é quente, liquefeito e que com a rotação da terra gera o
campo magnético medido na bússola, além de calor que emana do centro
para a superfície.
Meteoritos continuaram a colidir com a Terra por centenas de milhões de
anos, assim como colidiam com os outros planetas do sistema solar, até o
espaço circundante da estrela solar que era saturado de corpos e
gases tornar-se relativamente limpo de objetos, que na verdade eram
escória materiais remanescentes da nebulosa solar, a imensa nuvem de
poeira e gás que por condensação gravitacional deu origem a estrela que
hoje chamamos SOL.
Esta era infernal, de calor e fogo durou certo período até a
temperatura arrefecer e uma crosta sólida poder se formar, bem como
vapor se condensasse e pudesse assim surgir terras e oceanos primitivos e
então a primeira forma de vida pudesse existir e evoluir.
A ciência estima que esta era de calor e fogo terrestre, durou
500.000.000 de anos (500 milhões de anos), ou seja se a 4.500.000.000 de
anos a terra estava se formando, sofrendo colisões e borbulhando de calor
e matéria derretida, os próximos 500 milhões ela estaria arrefecendo,
se esfriando e formando as condições mais estáveis de temperatura e
umidade que pudesse dar origem a vida, então a 4 bilhões de anos atrás
a terra teria finalmente um oceano e um continente primitivo.
Esta era geológica é chamada de ERA HADEANA ( termo proveniente de
Hades, o inferno dos gregos ).
O maior apoio a esta teoria vem da ausência de rochas intactas com mais
de 4 bilhões de anos, e também dos primeiros sinais de fósseis de vida,
que surgiram muito tempo depois.
GNAISSE
ACASTA
A rocha mais antiga conhecida é o GNAISSE ACASTA , encontrado no noroeste
do Canadá e que possui no máximo 4 bilhões de anos. Entretanto esta é
uma rocha que se formou nas profundezas do planeta e não na sua
superfície, os cientistas presumem que na fase infernal nenhuma rocha na
superfície sobreviveria pois a superfície seria uma crosta líquida ou
pastosa e borbulhando de calor.
No sudoeste da GROELÂNDIA, em Isua, foram encontradas as rochas mais
antigas que se originaram sob a água e portanto em condições mais frias,
estas rochas datam de 3,8 bilhões de anos, elas também contém a
evidência de vida mais antiga que se conhece no planeta.
CRISTAIS
DE ZIRCÔNIO
No oeste da Austrália, nos anos 1980, foram encontrados cristais de
ZIRCÔNIO, uns poucos e raros grãos, medindo menos de 1mm. Porém apesar
de pequenos e escassos, eles puderam ser datados e sua idade surpreendeu,
chegando a ter 4,4 bilhões de anos.
A descoberta destes cristais tão antigos só teria importância na
reformulação da teoria do resfriamento terrestre primitivo vinte anos
depois, em 1999, devido aos avanços tecnológicos que permitiram novos
estudos com o zircônio.
Amostras de materiais de Marte e da Lua tem esta mesma idade, e meteoritos
caídos aqui no planeta são ainda mais antigos, mas como já foi dito na
Terra nada havia tão antigo e mesmo não se imaginava ser possível ter
permanecido rochas sólidas numa era tão quente, então se estas rochas
existiram e permaneceram sólidas isto indicaria que o planeta não era
tão quente a estas idades, os cientistas percebiam no ar a sugestão de
que a era HADEANA talvez não tivesse durado 500 milhões de anos e sim
muito menos.
Além da idade de 4,4 milhões de anos da rocha de zircônio, também
foram encontrados como constituintes dele oxigênio e cristal de quartzo,
e estes sim são componentes somente possíveis de existir em condições
mais amenas de temperatura e com presença de água.
Inclusive
tem que ser dito que cristais de quartzo não eram esperados sequer para a
primeira crosta terrestre que existiu no planeta, ele é mais
característico de uma massa granítica, compacta e bem consolidada de
crosta, ou seja uma crosta continental, isto sugere que realmente a
100 milhões de anos do chamado surgimento do planeta, já teríamos um
continente consolidado, com estabilidade de solo e umidade presente.
Este tipo de teoria não é apoiado somente por estes fatores supra
citados, muitos pequenos detalhes analisados e verificados entram em jogo
para formular e concluir tais idéias. Padrões de európio e cério e
níveis de titânio nos cristais de zircônio , bem como todos os
conhecimentos e paradigmas atuais da geologia e ciência moderna são
levados em conta para formular e responder a questão.
RESFRIAMENTO
TERRESTRE
A nova conclusão dos cientistas foi de que a ERA HADEANA , a era
borbulhante de magma da Terra não durou 500 milhões de anos e sim muito
menos tempo, em até menos de 100 milhões de anos a Terra já estava com
a presença de quantidades maciças de vapor e água líquida e já
apresentava uma crosta sólida e relativamente estável, decerto uma
grande atividade sísmica e vulcânica, mas nada comparado a um caldo
homogêneo e borbulhante de rocha liquefeita ao que se preconizava.
Então as condições para a vida no planeta Terra podem ter surgido muito
tempo antes do que se imaginava
Por Marco
Aurélio Müller
Sintetizado de
artigo da Scientific American / edição de novembro de 2005 .
De John W.
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