Baseado
no artigo do estudioso alemão Harmut Stegemann.
Quase
todos os estudiosos são unânimes em afirmar que o pergaminho do templo
é o mais importante manuscrito encontrado nas cavernas de Qumran. Harmut
Stegemann que foi grande amigo de Yigael Yadin no entanto, discorda da
visão de Yadin de que o pergaminho do templo é um livro específico de
regras básica da seita dos essênios, para ele o pergaminho do templo é
sim um livro a mais que pertence a TORÁ bíblica (pentateuco).
Livros
canônicos da Torá
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
O
que é concordante por Yiadin e Stegemann é :
-Que
o PERGAMINHO DO TEMPLO é realmente um livro Sefer Torá, quer dizer
um livro da lei religiosa oficial , não é uma simples coletânea de
material pertencente a um aspecto específico da vida religiosa
-Que
neste livro, assim como nos da torá, tem a crença de que foi outorgado
pessoalmente por Deus no Monte Sinai
-Que
o texto do pergaminho do templo é um livro adicional ao pentateuco, no
mesmo nível da Torá, não é mais importante, mas também não menos.
Mas
Stegemann não acredita que era um livro de lei fundamental dos essênios,
e seus argumentos são os seguintes:
Nas
cavernas de Qumran foram encontradas :
25
cópias do deuteronômio
18
cópias do livro de Isaías
27
cópias do Saltério
E
dos manuscritos exclusivos da seita :
11
cópias da regras da comunidade
9
dos cânticos do sacrifício do shabat
8
dos hinos de ação de graças
7
da guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas
E
somente 2 do pergaminho do templo, algo muito estranho para um livro que
fosse regra básica da comunidade.
Além
disto, em todos os documentos ESSÊNIOS não há uma única citação a
respeito do pergaminho do templo.
Há
sim frequentes citações dos livros do pentateuco, de todos eles.
E
quando aparece nos textos essênios alguma citação dos livros do
pentateuco, não é indicado de QUAL livro, apenas que a citação provém
da TORÁ DE MOISÉS.
Nas
regras da comunidade essênia existem concordâncias com preceitos do
pergaminho do templo, mas também discordâncias.
Por
exemplo o pergaminho permite uma esposa somente ao rei, mas se ela morrer
pode-se desposar outra.
Já
o documento de damasco que é realmente essênio, proíbe um segundo
casamento a todos os judeus enquanto viverem.
O
pergaminho do templo prescreve a pena de morte para certos delitos com
somente a presença de 2 testemunhas.
A
lei essênia entretanto exige 3 testemunhas em todos os casos.
Outras
incongruências:
Textos
essênios sempre se referem ao sumo sacerdote como SUMO-SACERDOTE
ou SACERDOTE UNGIDO
Já
o pergaminho do templo escreve GRANDE SACERDOTE
Essênios
chamam Israel de CONGREGAÇÃO ou COMUNIDADE.
O
pergaminho do templo chama O POVO e as vezes O POVO DA REUNIÃO.
Em
última análise o autor conclui que a linguagem e o estilo que o pergaminho
do templo possui é muito mais tradicional, ou seja, mais bíblico
que os textos essênios.
O
pergaminho do templo tem quase metade do texto falando sobre a
construção do templo de Jerusalém, e nos textos essênios não se ve o
menor interesse no assunto.
O
que ocorre sim é que os essênios falam o tempo inteiro de oposição aos
SACERDOTES do Templo e os SACRIFÍCIOS por eles oferecidos, falam contra os
fiéis do culto e rituais particulares.
Nenhuma
crítica é feito a arquitetura do Templo e seus átrios, ou que tenham
sido construídos em desacordo com os mandamentos de Deus, nem manifestam
desejo de alteração arquitetônica alguma.
Bem
os argumentos acima reforçam bem a idéia de que o PERGAMINHO DO TEMPLO
não era um livro específico da comunidade de Qumran, e tinha sim um
estilo da TORÁ Moisaica, porém não entrou no pentateuco bíblico
farisaico, por que razão?
O
que pode-se pensar é que este pergaminho era o texto essencial da TORÁ
para algum outro grupo judeu.
Qual
e quando?
Sabemos
que os livros do PENTATEUCO contém versões com expansões no
seu texto, como exemplo o PENTATEUCO SAMARITO e também a
SEPTUAGINTA GREGA , que é a versão grega da Bíblia Hebraica, traduzida
por judeus de Alexandria a partir do século III antes de Cristo.
Pois
bem, mas a versão hebraica do pentateuco não contém estes acréscimos,
a explicação é a seguinte:
As
expansões da Torá foram executadas devido a iniciativa dos sacerdotes do
templo, desde o período em que os judeus retornaram do exílio na
Babilônia e reconstruíram o Templo (que é o SEGUNDO TEMPLO), no terço
final do século VI antes de Cristo.
Mas
a questão é que estas expansões se desenvolveram no Segundo Templo,
antes da organização do cânon do Pentateuco; portanto, antes da versão
OFICIAL da Torá ser autorizada e finalmente estabelecida.
ESDRAS
Segundo
a bíblia, o escriba Esdras estabeleceu o cânon do Pentateuco em
Jerusalém, após seu retorno do exílio na Babilônia, mas ele só
retornou 50 a 75 anos depois da reconstrução do Segundo Templo pelos que
haviam retornado antes.
Esdras
voltou em 458 antes de Cristo, no reinado do Persa Artaxerxes, sua
linhagem é reconstituída até Aarão, o sumo sacerdote ancestral.
Artaxerxes
deu a carta de autorização para Esdras retornar e ordenando o seguinte:
"a
lei do teu Deus ... está na tua mão"
"Esdras..
vai e ... nomeia magistrados e juízes... que sabem a lei do teu Deus...
que julguem e , ao que não as sabe, que lhas façam saber. Todo aquele
que não observar a lei do teu Deus... seja condenado"
E
foi isto que Esdras fez :
-A
consagração do pentateuco como principal autoridade em Jerusalém
Na
edição final do Pentateuco, fontes antigas foram combinadas, ampliadas e
atualizadas, de acordo com a época mais atual. È provável que este processo
tenha ocorrido ainda na Mesopotâmia, durante o exílio babilônico, o
próprio Esdras levou essa versão já pronta para Jerusalém.
Ele
tinha que transformá-la na única torá , a oficial, que pudesse subsitir
no futuro, proclamou-a O LIVRO DA TORÁ, estabelecendo-a em Jerusalém por
intermédio da autoridade do governo persa, que estava liberando os
judeus do exílio babilônico.
Independente
de que a compilação de Esdras tenha sido feita ainda na Babilônia ou em
Jerusalém, o fato é que todas as outras versões da torá perderam a
validade dali em diante.
Por
isto a torá dos judeus é um tanto diferente da dos samaritanos e da
bíblia septuaginta grega.
Mas
e estas versões diferentes? Eram judaicas também, e feitas por
sacerdotes judeus no segundo templo segundo a autoridade do próprio Deus,
seriam simplesmente suprimidas, a partir da autoridade do rei Artarxerxes
que outorgou direitos de lei ao escriba ESDRAS?
O
que provavelmente aconteceu é que os zelosos sacerdotes dos tempos de
Esdras fizeram, foi coletar todos os acréscimos retirados da Torá e
colocá-los num novo livro, um SEXTO livro da Lei, e este é o PERGAMINHO
DO TEMPLO.
Estudiosos
dos textos conseguiram perceber a presença de 5 tipos de fontes no
pergaminho do templo.
Esdras
restituiu o Pentateuco mais antigo, sem acréscimos, e o pergaminho do
templo passou a conter estes mesmos acréscimos, além é claro de
sobreviverem cópias proscritas do pentateuco acrescentado circulando nos
bastidores.
O
tese do autor depende muito exclusivamente de que as compilações
originais do Pergaminho do Templo tenham sido feitas não muito distante
da época de Esdras, senão as probabilidades de que esta coletânea
perdurasse e fosse reconhecida mais tarde seria muito pouco provável.
A
cópia do pergaminho do templo foi escrita em 50 antes de Cristo, mas a
datação dos estudiosos para a origem do texto, a partir do tipo de
linguagem, escrita e outras características remonta a no máximo 200
antes de Cristo.
Já
o autor desta tese precisa de que os textos tenha origem em 400 antes de
Cristo para trás.
As
controvérsias continuam, mas a idéia por trás faz bastante sentido.
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