OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO   

 

10 - O PERGAMINHO DO TEMPLO e o SEXTO LIVRO DO PENTATEUCO

 

Baseado no artigo do estudioso alemão Harmut Stegemann.

 

Quase todos os estudiosos são unânimes em afirmar que o pergaminho do templo é o mais importante manuscrito encontrado nas cavernas de Qumran. Harmut Stegemann que foi grande amigo de Yigael Yadin no entanto, discorda da visão de Yadin de que o pergaminho do templo é um livro específico de regras básica da seita dos essênios, para ele o pergaminho do templo é sim um livro a mais  que pertence a TORÁ bíblica (pentateuco).

 

Livros canônicos da Torá

Gênesis

Êxodo

Levítico

Números 

Deuteronômio

 

O que é concordante por Yiadin e Stegemann é  :

-Que o PERGAMINHO DO TEMPLO é realmente um livro  Sefer Torá, quer dizer um livro da lei religiosa oficial , não é uma simples coletânea de material pertencente a um aspecto específico da vida religiosa

-Que neste livro, assim como nos da torá, tem a crença de que foi outorgado pessoalmente por Deus no Monte Sinai

-Que o texto do pergaminho do templo é um livro adicional ao pentateuco, no mesmo nível da Torá, não é mais importante, mas também não menos.

 

Mas Stegemann não acredita que era um livro de lei fundamental dos essênios, e seus argumentos são os seguintes:

Nas cavernas de Qumran foram encontradas  :

25 cópias do deuteronômio

18 cópias do livro de Isaías

27 cópias do Saltério

E dos manuscritos exclusivos da seita :

11 cópias da regras da comunidade

9 dos cânticos do sacrifício do shabat

8 dos hinos de ação de graças

7 da guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas

E somente 2 do pergaminho do templo, algo muito estranho para um livro que fosse regra básica da comunidade.

Além disto, em todos os documentos ESSÊNIOS não há uma única citação a respeito do pergaminho do templo.

Há sim frequentes citações dos livros do pentateuco, de todos eles.

E quando aparece nos textos essênios alguma citação dos livros do pentateuco, não é indicado de QUAL livro, apenas que a citação provém da TORÁ DE MOISÉS.

 

Nas regras da comunidade essênia existem concordâncias com preceitos do pergaminho do templo, mas também discordâncias.

Por exemplo o pergaminho permite uma esposa somente ao rei, mas se ela morrer pode-se desposar outra.

Já o documento de damasco que é realmente essênio, proíbe um segundo casamento a todos os judeus enquanto viverem.

O pergaminho do templo prescreve a pena de morte para certos delitos com somente a presença de 2 testemunhas.

A lei essênia entretanto exige 3 testemunhas em todos os casos.

Outras incongruências:

Textos essênios sempre se referem ao sumo sacerdote como   SUMO-SACERDOTE ou SACERDOTE UNGIDO

Já o pergaminho do templo escreve GRANDE SACERDOTE 

Essênios chamam Israel  de CONGREGAÇÃO ou COMUNIDADE.

O pergaminho do templo chama O POVO e as vezes O POVO DA REUNIÃO.

Em última análise o autor conclui que a linguagem e o estilo que o  pergaminho do templo possui é muito mais tradicional, ou seja, mais bíblico  que os textos essênios.

O pergaminho do templo tem quase metade do texto falando sobre a construção do templo de Jerusalém, e nos textos essênios não se ve o menor interesse no assunto.

O que ocorre sim é que os essênios falam o tempo inteiro de oposição aos SACERDOTES do Templo e os SACRIFÍCIOS por eles oferecidos, falam contra os fiéis do culto e rituais particulares.

Nenhuma crítica é feito a arquitetura do Templo e seus átrios, ou que tenham sido construídos em desacordo com os mandamentos de Deus, nem manifestam desejo de alteração arquitetônica alguma.

 

Bem os argumentos acima reforçam bem a idéia de que o PERGAMINHO DO TEMPLO não era um livro específico da comunidade de Qumran, e tinha sim um estilo da TORÁ Moisaica, porém não entrou no pentateuco bíblico farisaico, por que razão?

O que pode-se pensar é que este pergaminho era o texto essencial da TORÁ para algum outro grupo judeu.

Qual e quando?

 

Sabemos que os livros do PENTATEUCO contém  versões  com expansões no seu texto, como exemplo o PENTATEUCO SAMARITO  e também a SEPTUAGINTA GREGA , que é a versão grega da Bíblia Hebraica, traduzida por judeus de Alexandria a partir do século III antes de Cristo.

 

Pois bem, mas a versão hebraica do pentateuco não contém estes acréscimos, a explicação é a seguinte:

As expansões da Torá foram executadas devido a iniciativa dos sacerdotes do templo, desde o período em que os judeus retornaram do exílio na Babilônia e reconstruíram o Templo (que é o SEGUNDO TEMPLO), no terço final do século VI antes de Cristo.

Mas a questão é que estas expansões se desenvolveram no Segundo Templo, antes da organização do cânon do Pentateuco; portanto, antes da versão OFICIAL da Torá ser autorizada e finalmente estabelecida.

 

ESDRAS

Segundo a bíblia, o escriba Esdras estabeleceu o cânon do Pentateuco em Jerusalém, após seu retorno do exílio na Babilônia, mas ele só retornou 50 a 75 anos depois da reconstrução do Segundo Templo pelos que haviam retornado antes.

Esdras voltou em 458 antes de Cristo, no reinado do Persa Artaxerxes, sua linhagem é reconstituída até Aarão, o sumo sacerdote ancestral.

Artaxerxes deu a carta de autorização para Esdras retornar e ordenando o seguinte: 

"a lei do teu Deus ... está na tua mão"

"Esdras.. vai e ... nomeia magistrados e juízes... que sabem a lei do teu Deus... que julguem e , ao que não as sabe, que lhas façam saber. Todo aquele que não observar a lei do teu Deus... seja condenado"

E foi isto que Esdras fez : 

-A consagração do pentateuco como principal autoridade em Jerusalém

 

Na edição final do Pentateuco, fontes antigas foram combinadas, ampliadas e atualizadas, de acordo com a época mais atual. È provável que este processo tenha ocorrido ainda na Mesopotâmia, durante o exílio babilônico, o próprio Esdras levou essa versão já pronta para Jerusalém.

Ele tinha que transformá-la na única torá , a oficial, que pudesse subsitir no futuro, proclamou-a O LIVRO DA TORÁ, estabelecendo-a em Jerusalém por intermédio da autoridade  do governo persa, que estava liberando os judeus do exílio babilônico.

Independente de que a compilação de Esdras tenha sido feita ainda na Babilônia ou em Jerusalém, o fato é que todas as outras versões da torá perderam a validade dali em diante.

Por isto a torá dos judeus é um tanto diferente da dos samaritanos e da bíblia septuaginta grega.

 

Mas e estas versões diferentes? Eram judaicas também, e feitas por sacerdotes judeus no segundo templo segundo a autoridade do próprio Deus, seriam simplesmente suprimidas, a partir da autoridade do rei Artarxerxes que outorgou direitos de lei ao escriba ESDRAS?

 

O que provavelmente aconteceu é que os zelosos sacerdotes dos tempos de Esdras fizeram, foi coletar todos os acréscimos retirados da Torá e colocá-los num novo livro, um SEXTO livro da Lei, e este é o PERGAMINHO DO TEMPLO.

Estudiosos dos textos conseguiram perceber a presença de 5 tipos de fontes no pergaminho do templo.

 

Esdras restituiu o Pentateuco mais antigo, sem acréscimos, e o pergaminho do templo passou a conter estes mesmos acréscimos, além é claro de sobreviverem cópias proscritas do pentateuco acrescentado circulando nos bastidores.

 

O tese do autor depende muito exclusivamente de que as compilações originais do Pergaminho do Templo tenham sido feitas não muito distante da época de Esdras, senão as probabilidades de que esta coletânea perdurasse e fosse reconhecida mais tarde seria muito pouco provável.

A cópia do pergaminho do templo foi escrita em 50 antes de Cristo, mas a datação dos estudiosos para a origem do texto, a partir do tipo de linguagem, escrita e outras características remonta a no máximo 200 antes de Cristo.

Já o autor desta tese precisa de que os textos tenha origem em 400 antes de Cristo para trás.

As controvérsias continuam, mas a idéia por trás faz bastante sentido.

 

 

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