A
Bíblia sobrevive em muitos manuscritos hebraicos e em várias versões
antigas, traduzidas do hebraico.
Nos
manuscritos medievais existem centenas, talvez milhares de diferenças,
em sua m aior parte de pequena monta, raramente muito importantes.
Nas
versões antigas, em especial na versão grega antiga (escrita no século
III a.c. e comumente chamada de septuaginta) ocorrem milhares de
variantes, muitas delas pequenas, mas também muitas de importância.
Mesmo antes da descoberta de manuscritos bíblicos nas cavernas de Qumran
e em outros locais do vale do Jordão, aqueles manuscritos e versões já
proporcionavam aos críticos do texoto um rico acervo de recursos para
suas tentativas de reconstrução da história do texto bíblico.
Entretandto, a história do texto da Biblia Hebraica foi perturbada e
ofuscada por uma prressuposição, ou antes um dogma, vigente nos tempos
antigos - entre os rabinos e também entre os padres da igreja - de que o
texto hebraico era original e imutável, inaleterado pelas realidades
ususais dos escibas que produzem famílias de textos e diferentes
RECENSÕES em obras que sobrevivem durante longos períos de transmissão.
Este
dogma da HEBRAICA VERITAS pode ser encontrado já no final do século I
d.c., conforme indicação do historiador JOSEFO.
Orígenes, o padre da igreja, normalmente usava a versão grega antiga da
bíblia. Mas também ele, ao que parece, presumia que sua biblia grega
havia sido traduzida de uma base textual hebraica, que deveria ser igual
ao texto rabínico em hebraico usado no seu tempo.Por conseguinte sua
monumental obra HEXAPLA, ele corrigiu com cuidado seus manuscritos
gregos conforme a hebraica veritas - incidentalmente com resultados
desastrosos para posterior transmissão da biblia grega.
Jerônimo, no século IV, aplicou à bíblia latina o principio da "correção
conforme o hebraico", substituindo as traduções latinas anteriores (baseadas
na biblia grega antiga) por uma nova, que veio a ser conhecida como a
VULGATA, um versão em latim traduzda da recensão rabinica oficial da
biblia hebraica, em uso no seu tempo.
A
biblia, antes da destruição de Jerusalém em 70 depois de cristo, não era
PADRONIZADA, como é hoje.
Houve
uma RECENSÃO BÍBLICA ( que é uma edição de texto antigo compreendendo
uma revisão mais ou menos sistemática de uma forma ANTERIOR de texto).
É
o que nos mostrou o estudo dos os manuscritos de qumran que pertence a
períodos anteriores a 70d.c. em comparação com manuscritos encontrados
ao sul de qumram e que pertencem a período entre 70d.c. e 150d.c,
e ainda aos textos atuais....
Nos
textos BIBLICOS anteriores a 70d.c., existe uma GRANDE VARIAÇÃO entre
vários livros iguais, já no grupo de textos descobertos ao sul de
qumran e que pertencem ao pe´riodo de 70 a 150 d.c., já se pode perceber
uma PADRONIZAÇÃO.
A
investigação sobre os primeiros estágios da história do texto da biblia
hebraica começou a ser feita cientificamente no final do século 18, mas
os manuscritos existentes eram todos do período medieval, e os
resultados foram decepcionantes para aqueles que esperava encontrar
sinais das formas arcaicas do texto. Nada de muitas diferenças entre as
variantes de texto, na sua maioria erros dos próprios compiladores
medievais. Isto até reforçou a teoria do texto hebraico fixo e imutável....
Mas
alguns dos mais argutos estudiosos do texto bíblico, no entanto,
argumentavam que todos os manuscritos hebraicos medievais provinham de
uma unica recensão, fixada no início da era cristã, e que somente esta
sobrevivera nas comunidades judaicas. Assim, o acesso direto aos textos
antes de recensão, se encontraria inviável.
O texto
medieval da biblia se originava de um único arquétipo, ou de textos
únicos de cada livro, que JÁ apresentava o padrão de erros encontrados
nos manuscritos da idade média.
Finalmente com a descoberta dos manuscritos das cavernas de qumran, foi
possível acessar o estágio antigo do texto hebraico da bíblia.
Das
cavernas foram resgatados cerca de 170 manuscritos bíblicos.
Estes
manuscritos foram COMPARADOS com outros resgatados de regiões próximas,
em Murabaat, e da fortaleza de MASSADA.
Os de
qumran provém de 250 a.c. até 70 d.c. e os dos outros lugares, são
próximos a data da destruição de jerusalém em 70 d.c. ou bem mais
tardios (135 d.c.) e o fato é que os 2 grupos de textos
apresentam evidentes DIFERENÇAS.
o grupo
mais NOVO tem um texto sem desvios significativos da RECENSÃO BIBLICA
arquetípica, isto é, a recensão ancestral do texto massorético, a NOSSA
biblia hebraica tradicional. Já os textos de QUMRAN apresentam outros
tipos de textos.
Os
dados extraídos dos manuscritos do sul, os mais novos, permitem concluir
que antes do final do século I da era cristã foi promulgada uma recensão
do texto da biblia hevraica, que exerceu enorme autoridade, ao menos nos
círculos dos fariseus, e que veio a predominar na comunidade judaica no
interval entre a queda de Jerusalém ante os romanos, em 70 d.c. e a
repressão a segunda revolta judaica, em 135 d.c.
A
situação dos textos de qumran, mais antigos, é totalmente
diferente. Os manuscritos de qumran não revelam influencias perceptíveis
da padronização que caracteriza a recensão rabínica.
Encontramos neles evidencias de distintas e reconhecíveis famílias de
tradição textual, incluindo tipos de texto diferentes da recensão
rabinica.
As
diferenças as vezes são imensas, e em certos casos os estudiosos
descobriram que um manuscrito preserva uma tradição textual que não
provém apenas de mudanças de texto em leituras individuais, mas tem sua
origem numa edição de livro biblico totalmente diferente, em conteudo e
tamanho da edição usada na recensão rabínica.
Por
exemplo, existem 2 edições de Jeremias representadas nos manuscritos de
qumran : uma longa, conhecida através da biblia tradicional, e uma menor
que, além disso, difere na ordem dos oráculos proféticos. Existem 2
edições do saltério, uma da época persa, outra helenística. Existe uma
literatura de daniel completa, da qual o livro de daniel é apenas uma
das partes. Casos de edições diferentes de livros biblicos, no entanto,
são relativamente raros.
Os
manuscritos de qumran não somente apresentam provas de tradições
textuais antigas, mas também identificam e delineam outras tradições
textuais que sobrevivem desde tempos anteriores a era comum, incluindo a
base textual hebraixa da tradução grega antiga, o fundamento da recensão
samaritana do pentateuco e o tipo de texto que foi utilizado na recensão
rabinica.
Nesse
grande complexo de material textual foram identificados até 3 famílias
de textos (pentateuco e samuel)
2
familias de textos (jeremias e jó) e 1 familia somente (izaías e
ezequiel)
3
famílias de texto :
Cada
forma de texto parece ter se desenvolvido lentamente entre os século V e
I antes do cristo, nas comunidades judaicas da :
1-PALESTINA
2-EGITO
3-BABILÔNIA.
o texto
PALESTINO representa a familia dominante nos manuscritos de qumran, sua
aparição mais antiga está nas citações do pentateuco e de samuel em
crônicas. O texto pode ser classificado com expansionista, com fusões e
glosas, acréscimos sinópticos e outras provas de intensa atividade dos
escribas.
O
pentatuco em escrita paleo-hebraica, uma derivação da antiga escrita
nacional do Israel pré-exílio, é o melhor exemplo.
A
segunda família de textos, que foi classificada de egípcia, é encontrada
na tradução grega antiga do pentateuco (septuaginta), em reinados (versão
grega de samuel e reis) e na breve edição de jeremias
A
terceira família, classificada de babilônica, encontrada no pentateuco e
em samuel, foram a base da recensão rabínica.
No
pentateuco, esta forma aparece como um texto conservador, muitas vezes
primitivo, apresentando poucas expansões e relativamente poucos traços
de revisão e modernização.
Já nos
pergaminhos encontrados mais ao SUL de qumran, e em MASSADA, que são bem
MENOS antigos, os textos biblicos não apresentam a presença destas
familias textuais, estes textos já tem o tipo de texto oficial
farisaico, que nos chegou até os dias de hoje, e isto nos permite
concluir que a RECENSÃO, revisão, padronização, dos textos biblicos
ocorreu no tempo da destruição de jerusalém pelos romanos em 70
D.C. e passou a prevalecer no intervalo entre as 2 revoltas judaica,
entre 70 e 135 d.c., justamente quando do domínio dos FARISEUS sobre a
comunidade judaica sobrevivente e com a redução e o desaparecimento dos
grupos rivais.
SEITAS
como a dos cristãos e dos samaritanos continuaram existindo, mas apenas
como comunidades separadas, isoladas da influencia farisaica.
o
JUDAISMO RABINICO sobreviveu e com ele a RECENSÃO BIBLICA.
Esta
RECENSÃO (padronização) bíblica foi promulgada como resposta e solução
para uma crise de texto que evoluiu no final do período helenistico e
inicio do romano.
A
rrevolta dos macabeus, que eclodiu em 167 a.c. finalmente restabelecera
um estdo judeu independente, que não existia desde a época em que os
babilonios destruiram jerusalmen e o primeiro templo, em 587 a.c.
As
vitórias dos macabeus serviram para estimular um renascimento sionist,
fomentado ainda mais quando os partos expulsaram os judeus que
retornavam em massa da BABILONIA, SÍRIA e EGITO para jerusalém.
No
século I antes de cristo e no I depois de cristo, textos e
compilações locais concorrentes conseguiram chegar a juda, causando
consideravel confusão, como mostra a biblioteca de qumran.
Além
disto, o desenvolvimento incontrolado do texto de famílias isoladas
tornou-se intolerável e precipitou uma crise textual, quando se sentiu a
necessidade urgente de uma exegese doutrinaria precisa e legal (haláquica)
no judaísmo helenistico.
A luta
entre as facções começou em meados do século II a.c., com o surgimento
dos FARISEUS, SADUCEUS e ESSÊNIOS
Pensa-se
mesmo que os trabalhos de revisão e padronização ocorreram sob a
supervisão de HILEL em pessoa, ou ao menos, a escola de doutores
rabinicos que ele inspirou.
HILEL
foi da babilonia para a pelestina e veio a ser a principal e mais
criativa inteligencia do seu tempo, foi um gigante que deixou marcas
indiscutiveis no farisaism e por muitas gerações seus descendentes
diretos foram os principais lideres da comunidade JUDAICA
NORMATIVA.
"quando
israel esqueceu a torá , ESDRAS chegou da babilonia e a restabeleceu, e
quando israel voltou a esquecer a torá, HILEL, o babilonio, veio e a
restabeleceu .... "
O CANON
DA BIBLIA HEBRAICA E OS LIVROS EXCLUIDOS :
1-livros posteriores marginais excluidos atribuidos aos partriarcas
pré-mosaicos, pseudo-epigrafos:
LITERATURA DE ENOQUE
VISÃO
DE AMRAM
TESTAMENTOS DOS 10 PATRIARCAS (filhos de jacó)
2-livros posteriores marginais excluidos
BEN
SIRA
MACABEUS
TOBIAS
JUDITE
BARUC
SABEDORIA DE SALOMÃO
EPISTOLA DE JEREMIAS
ADIÇÕES
A DANIEL
3-canon
da biblia hebraica:
PENTATEUCO ( genesis, exodo, levitico, numeros, deuteronomio)
PROFETAS ( josue juizes, samuel, reis, isias, jeremias)
12
PROFETAS MENORES (oseias, joel, amos, abdias, jonas , miqueias, naum,
habacuc, sofonias, ageu, zacarias, malaquias)
ESCRITOS ( salmos, proverbios, jó , rute, lamentaços, esdras/neemias,
cronicas)
4-livros posteriores marginais INCLUIDOS:
ECLESIASTES
CANTICO
DOS CANTICOS
ESTER
EZEQUIEL
DANIEL
Porém
acredita-se que os atos de inclusão e exclusão, e toda regra normativa,
terminou somente no final do século I da era comum, no conselho de
Yamnia (Yavneh)
(o
conselho de yamnia é uma designação comum e um tanto enganosa de uma
determinada sessão da academia ( ou tribunal) rabínica em Yavneh, onde
se declarou que o Eclesiastes e o Cantico dos Canticos tornam as mãos
impuras, quer dizer, são livros sagrados. a sessão em questão realizous-e
aproximadamente em 90 d.c aproximadamente. A academia foi fundada por
Yohanan ben Zakai, um discípulo de HILE. Foi presidida por Gamaliel II,
descendente de Hile, durante grande parte do period entre as 2 revoltas
judaicas contra roma. A academia, na verdade, ressucitou a instituição
do SINÉDRIO, que exercera autoridade religiosa sobre a comunidade
judaica, antes da destruição de jerusalém pelos romanos, em 70 d.c.)
Apesar
das evidências a favor da influencia de Hilel, na promulgação de um
texto e cânon farisaico, deve-se no entanto reconhecer que esse cânon e
texto, não suplantaram de imediato as outras tradições nem mereceram
aceitação uniforme mesmo nos círculos farisaicos. A ascendência do texto
e cânon de Hilel se firmou com a vitória do grupo dos fariseus e
da casa de Hilel no período entre as duas revoltas judaicas contra
roma. Desde então, o texto e o cânon da biblia hebraica, a despeito de
ocasionais questionamentos rabinicos sobre livros marginais,
permaneceram fixos e preservados até os nosso dias.
(texto
condensado e adaptado do artigo de Frank Moore Cross por
M.A.Müller , julho de 2007)
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