ESSÊNIOS
:
A
COMUNIDADE DE QUMRAN foi organizada para ser um novo ISRAEL, uma
verdadeira seita, que repudiava os sacerdotes e os cultos de Jerusalém.
Nada disto se aplica aos Fariseus e Saduceus, mas se ajusta perfeitamente
ao que se conhece da seita dos ESSÊNIOS.
Eram
um GRUPO SACERDOTAL, seu chefe era um sacerdote, o arquiinimigo da seita
era um sacerdote, designado como SACERDOTE ÍMPIO.
Em
protocolos da sociedade essênia, os sacerdotes tinham precedência, num
tempo futuro, um MESSIAS e SACERDOTE estaria acima do tradicional MESSIAS
REAL ou DAVÍDICO.
A
seita adotava um esquema de sacrifícios na comunidade, a comunidade
estava atenta às tradições sacerdotais, às leis cerimoniais, às
ordens dos sacerdotes e ao calendário litúrgico, tinham um interesse
absoluto pela ortopraxia sacerdotal, quer dizer, a correta prática e
observância ortodoxa.
A
comunidade se referia aos seus sacerdotes como FILHOS DE ZADOQUE, os
membros da antiga linhagem de sumos sacerdotes estabelecida nas ESCRITURAS.
Desprezavam
os sacerdotes de Jerusalém que diziam ser ilegítimos.
Os
sacerdotes essênios esperavam com fé a intervenção divina para
legitimar sua causa.
Prediziam
a morte violenta do SACERDOTE ÍMPIO e seus seguidores, procuravam nas
escrituras as profecias sobre o final dos tempos, quando eles, os pobres
do deserto, finalmente seriam reinstalados numa nova e transfigurada
Jerusalém.
Os
Essênios estariam na vanguarda de um movimento de visão teológica
chamada APOCALIPSISMO
Os
últimos profetas do Antigo Testamento, principalmente DANIEL, assim como
as comunidades BATISTA e CRISTÃ posteriormente, viam-se vivendo nos
últimos dias da idade antiga e o despontar do reino de Deus.
A
comunidade vivia num apocalipsismo cristalizado. Toda sua vida,
instituições e práticas eram uma preparação ou realização da vida
na NOVA ERA do governo de Deus.
A
sua vida era uma reconstituição dos últimos dias do tempo do ARMAGEDON
e ao mesmo tempo,como escolhidos, participavam das dádivas e
glórias dos novos tempos do reino de Deus.
Para
os membros de Qumran a chave para estes mistérios futuros estava
acessível através da leitura das profecias bíblicas com a compreensão
concedida ao intérprete inspirado, aquele que le sobre o poder do
ESPÍRITO SANTO.
Eles
desenvolveram um corpo de exegese tradicional, sem dúvida inspirado pelos
padrões estabelecidos por seu fundador, que se reflete na maioria de suas
obras, principalmente seus comentários bíblicos, PESHARIM, onde
registraram por escrito susas tradições comuns.
EXEGESE
APOCALÍPTICA :
Contém
3 princípios
1-
a profecia se refer aberta ou cripticamente aos últimos dias
2-
os chamados últimos dias são na realidade o presente, o tempo em que a
seita viveu.
3-
a história da redenção do antigo Israel, seus ritos e instituições,
são protótipos dos eventos e personagens do novo Israel.
O
acampamento essênio no deserto encontrou seu protótipo no acampamento
mosaico de Números (Num 2-4,9,15-10,28). Os essênios se retiraram para
Qumran a fim de preparar o caminho do Senhor no deserto.
-Deus
havia feito seu pacto no deserto, então eles voltavam ao deserto para sua
NOVA ALIANÇA.
-Israel
no deserto se havia distribuído em vários exércitos para a GUERRA SANTA
da conquista, também os essênios se organizavam em formação de batalha
e escreviam liturgias da SAGRADA CAMPANHA DO ARMAGEDON, vivendo para o dia
da segunda conquista, quando marchariam para SION com seus chefes
messiânicos, e seguiam a lei da pureza para os soldados em guerras santas,
conforme ditavam as Escrituras, um regime ascético que ao mesmo tempo
antecipava a vida com os santos anjos diantes do trono de Deus,
situaç~]ao que exigia pureza ritual semelhante.
Os
ritos da seita revelam esta tipologia apocalíptica :
Os
membros do conselho da comunidade eram em número igual ao dos chefes de
Israel e Levi no deserto.
Como
Deus enviara Moisés, Aarão e Davi, assim eles esperavam 3 messias -
PROFETA, SACERDOTE e REI.
O
fundador da comunidade tinha o apelido bíblico de MESTRE DA JUSTIÇA (Oséias
10,12 e Joel 2,23)
Os
inimigos da seita recebiam denominações tiradas das profecias - FALSO
ORÁCULO, LEÃO COLÉRICO...
A
conclusão de Frank Moore Cross
é que os essênios de Qumran eram uma
comunidade formada e dirigida por um grupo de sacerdotes zadoqueus. Na
segunda metade do século II a.C., sem poder reconquistar sua antiga
autoridade na teocracia de Jerusalém e sofrendo perseguição ativa da
nova casa de sacerdotes no poder, refugiaram-se no deserto. Ali
encontrando nova esperança nos sonhos apocalípticos, prepararam-se para
o julgamento iminente, quando seus inimigos seriam derrotados e eles, os
eleitos de Deus, teriam sua vitória final, de acordo com as predições
dos profetas.
O
estudioso também conclui que o SACERDOTE ÍMPIO poderia bem ser SIMÃO
MACABEU o último dos irmãos macabeus, que com seus 2 filhos foi
assassinado numa fortaleza em Jericó, estas mortes associadas com a
cidade maldita de Jericó está descrita numa profecia de Reis 16,34, que
já havia se realizado mas foi re-predita novamente pela seita de Qumran.
JÔNATAS
o segundo dos irmãos Macabeus é que foi o primeiro usurpador do cargo de
sumo sacerdote, então afirmam alguns que ele é quem devia ser
identificado com o sacerdote ímpio. Isto é pouco provável, pois
Jônatas teve pouco tempo de reinado e foi um reinado frágil, em que ele
teve que se defender ainda de oposição estrangeira.
Já
SIMÃO sim conseguiu consolidar o poder macabeu, livrar totalmente
Jerusalém do jugo Selêucida e foi no governo dele que houve uma suprema
assembléia dos sacerdotes e povo e chefes da nação e anciões do país,
em 140 antes de Cristo, no 3° ano do seu reinado, ali foi instaurado seu
decreto, gravado em bronze e assentado em pilares no monte Sion. Simão
foi proclamado sumo sacerdote de jure, ficando a função a
cargo de sua família permanentemente, "até surgir um profeta
fiel" (1 Macabeus 14,30-39).
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