(Comentários
sobre o artigo de Lawrence H. Schifmann - As origens saducéias da seita
dos manuscritos do mar morto )
Schifmann
contesta a teoria dominante de que a seita de Qumran seria a seita dos
ESSÊNIOS e afirma que suas características estariam mais próximas ao
SADUCEUS.
Primeiro
é afirmado que o termo ESSÊNIO pode designar várias seitas que tinham
características em comum. A coleção de textos de Qumran se compõem de
manuscritos bíblicos, textos especiais da seita ( em geral escritos de
acordo com suas peculiaridades linguísticas), além de toda luma
variedade de outros textos reunidos pelas pessoas que ali viviam. A
ligação desses outros textos com a seita não é muito clara.
Aparentemente, muitos textos foram levados de outros lugares para Qumran e
conservados porque tinham alugmas afinidades com asc renças dos membros
da seita. Podem ser originários de outros grupos de seitas mais antiga e,
de certa, diferentes ou talvez tenham procedido de grupos contemporâneos
com ideologias próxima à de Qumran.
Certos
textos não podem ser considerados representantes da seita de Qumran
propriamente dita, pois não inclulem seus temas, polêmicas e
terminologia característicos nem são escritos na linguagem e estilo
típicos das obras da seita.
Textos
encontrados depois de Qumran em MASSADA, a fortaleza de Herodes no
deserto a 56km ao sul de Qumran), que foi ocupada pelos rebeldes ZELOTAS
durante a primeira revolta judaica contra Roma, e um manuscrito CÂNTICOS
DO SHABAT (liturgia angélica), tem similares nos textos de Qumran. Os
defensores de MASSADA possuíam livros semelhantes aos de QUMRAN.
A
conclusão do estudioso é que os livros de Qumran façam parte da
herança comum do JUDAÍSMO do SEGUNDO TEMPLO e não seriam originários
nem exclusivos dos círculos da seita de Qumran.
MMT
- O documento "algumas regras relativas à Torá" proveniente da
CAVERNA 4 :
Este
documento é conhecido também como CARTA HALÁQUICA, pois parece uma
carta contendo 22 leis religiosas (halahot) , na verdade ele é um
documento básico da seita de Qumran.
O
antigo autor do documento afirma que a seita rompeu com o sistema vigente
em Jerusalém em vista das divergências com relação àquelas leis
religiosas. E afirma que ela retornará se seus adversários se retratarem,
pois, conforme está dito ali, estes sabiam o tempo todo que a razaõa
estava com a seita.
Schifmann
fez uma comparação do MMT com a MISHNÁ e o TALMUDE, que apresentam uma
identificação com os FARISEUS e SADUCEUS, os 2 movimentos florescentes
antes da destruição do templo no ano 70.
Ele
conclui do estudo que a seita de Qumran tem suas origens nos SADUCEUS.
A
seita judaica dos SADUCEUS, apartou-se dos seus correlegionários e tornou-se
adversária dos fariseus, quando se engajou na revolta dos MACABEUS
(168-164 antes de Cristo), após a revolta os dirigentes asmoneus
retomaram o controle sobre a terra e sobre o templo, até então nas mãos
do suserano selêucida ANTÍOCO IV.
Os
ASMONEUS passaram a administrar o templo de comum acordo com os FARISEUS,
esta situação perdurou até o período herodiano, que se iniciou quando
HERODES, assumiu o poder em 37 antes de Cristo.
Alguns
Saduceus afastaram-se dos seus princípios e assumiram a nova realidade,
outros não e romperam de vez com o sistema vigente.
O
MMT é uma carta escirta por aqueles que se recusavam a aceitar as normas
legais anunciadas pelos sumos sacerdotes asmoneus. Na parte relativa às
leis contesta com os saduceus partidários da acomodação, expondo, por
um lado, a lei correta e, por outro, a lei enunciada pelos asmoneus. No
fim da carta o autor se dirige ao próprio dirigente asmoneu e tenta
atraí-lo para as posições do MMT, alertando que Deus somente abençoa
aqueles governantes que segue o SEU caminho.
O
MMT , segundo Schifmann, demonstra que ou a seita não era de essênios,
ou que o movimento essênio deve ser redefinido como tendo emergido de
fontes saducéias. É possível concluir isto usando como base somente o
DOCUMENTO DE DAMASCO, manuscrito descoberto em uma sinagoga do Cairo antes
dos rolos de Qumran.
O
documento de Damasco parece obra de ZADOQUEUS e tem muita semelhança com
os Saduceus, afirmou um estudo de Schecther.
No
MMT também pode-se concluir que o material talmúdico atual é muito mais
acurado do que se pensava, que a visão farisaica realmente
predominou no período asmoneu e que ela não seria uma invenção
posterior anacrônica do judaísmo rabínico.
Confirma
isto também o fato de que a terminologia e algumas leis registradas em
fontes rabínicas, algumas em nome dos fariseus e outras atribuídas a
sábios anônimos do século I, eram na verdade aplicadas e aceitas pelos
fariseus.
O
judaísmo rabínico incorporado no TALMUDE não é uma invenção
pós-destruição, as raízes do judaísmo rabínico remontam pelo menos
ao período asmoneu.
No
PESHER NAHUM, um texto de Qumran, os saduceus são denominados MANASSÉS,
os adversários dos EFRAIM ( fariseus). Neste texto os saduceus são
descritos como membros aristocráticos da classe dominante.
Uma
série de leis dos saduceus encontradas no MMT tem equivalentes no
PERGAMINHO DO TEMPLO
Os
saduceus não aceitavam qualquer lei que não tivesse relação com a
Bìblia
Conclusões
de Schifmann :
Um
processo de sectarismo e de mentalidade separatista foi evoluindo durante
todo o período asmoneu e atingiu seu apogeu no período herodiano. Um
grupo de sacerdotes originalmente saduceus, tiveram a liderança do MESTRE
DA JUSTIÇA, que provavelmente só passou a chefiar após o MMT ser
escrito, se transformou no grupo que recolheu e redigiu os rolos da seita
de Qumran.
O
judaísmo rabínico pós destruição de Jerusalém se baseou em linhas
gerais, no farisaísmo, embora também incluísse alguns aspectos das
tradições das seitas e dos grupos apocalípticos.
O
cristianismo, a princípio herdou o apocalipsismo imediato desses grupos
minoritários, ou seja, o cristianismo é em grande parte a continuação
de tendências oriundas do judaísmo do Segundo Templo e que foram
rejeitadas pela corrente principal farisaico-rabínica.
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