OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO   

 

4 - SEITAS  DE QUMRAN  II    -  Seriam  SADUCEUS ?

 

(Comentários sobre o artigo de Lawrence H. Schifmann - As origens saducéias da seita dos manuscritos do mar morto )

 

Schifmann contesta a teoria dominante de que a seita de Qumran seria a seita dos ESSÊNIOS e afirma que suas características estariam mais próximas ao SADUCEUS.

Primeiro é afirmado que o termo ESSÊNIO pode designar várias seitas que tinham características em comum. A coleção de textos de Qumran se compõem de manuscritos bíblicos, textos especiais da seita ( em geral escritos de acordo com suas peculiaridades linguísticas), além de toda luma variedade de outros textos reunidos pelas pessoas que ali viviam. A ligação desses outros textos com a seita não é muito clara. Aparentemente, muitos textos foram levados de outros lugares para Qumran e conservados porque tinham alugmas afinidades com asc renças dos membros da seita. Podem ser originários de outros grupos de seitas mais antiga e, de certa, diferentes ou talvez tenham procedido de grupos contemporâneos com ideologias próxima à de Qumran.

Certos textos não podem ser considerados representantes da seita de Qumran propriamente dita, pois não inclulem seus temas, polêmicas e terminologia característicos nem são escritos na linguagem e estilo típicos das obras da seita.

Textos encontrados  depois de Qumran em MASSADA, a fortaleza de Herodes no deserto a 56km ao sul de Qumran), que foi ocupada pelos rebeldes ZELOTAS durante a primeira revolta judaica contra Roma, e um manuscrito CÂNTICOS DO SHABAT (liturgia angélica), tem similares nos textos de Qumran. Os defensores de MASSADA possuíam livros semelhantes aos de QUMRAN. 

A conclusão do estudioso é que os livros de Qumran façam parte da herança comum do JUDAÍSMO do SEGUNDO TEMPLO e não seriam originários nem exclusivos dos círculos da seita de Qumran.

 

MMT - O documento "algumas regras relativas à Torá" proveniente da CAVERNA 4 :

 

Este documento é conhecido também como CARTA HALÁQUICA, pois parece uma carta contendo 22 leis religiosas (halahot) , na verdade ele é um documento básico da seita de Qumran.

O antigo autor do documento afirma que a seita rompeu com o sistema vigente em Jerusalém em vista das divergências com relação àquelas leis religiosas. E afirma que ela retornará se seus adversários se retratarem, pois, conforme está dito ali, estes sabiam o tempo todo que a razaõa estava com a seita.

Schifmann fez uma comparação do MMT com a MISHNÁ e o TALMUDE, que apresentam uma identificação com os FARISEUS e SADUCEUS, os 2 movimentos florescentes antes da destruição do templo no ano 70.

Ele conclui do estudo que a seita de Qumran tem suas origens nos SADUCEUS.

 

A seita judaica dos SADUCEUS, apartou-se dos seus correlegionários e tornou-se adversária dos fariseus, quando se engajou na revolta dos MACABEUS (168-164 antes de Cristo), após a revolta os dirigentes asmoneus retomaram o controle sobre a terra e sobre o templo, até então nas mãos do suserano selêucida ANTÍOCO IV.

Os ASMONEUS passaram a administrar o templo de comum acordo com os FARISEUS, esta situação perdurou até o período herodiano, que se iniciou quando HERODES, assumiu o poder em 37 antes de Cristo.

Alguns Saduceus afastaram-se dos seus princípios e assumiram a nova realidade, outros não e romperam de vez com o sistema vigente.

O MMT é uma carta escirta por aqueles que se recusavam a aceitar as normas legais anunciadas pelos sumos sacerdotes asmoneus. Na parte relativa às leis contesta com os saduceus partidários da acomodação, expondo, por um lado, a lei correta e, por outro, a lei enunciada pelos asmoneus. No fim da carta o autor se dirige ao próprio dirigente asmoneu e tenta atraí-lo para as posições do MMT, alertando que Deus somente abençoa aqueles governantes que segue o SEU caminho.

O MMT , segundo Schifmann, demonstra que ou a seita não era de essênios, ou que o movimento essênio deve ser redefinido como tendo emergido de fontes saducéias. É possível concluir isto usando como base somente o DOCUMENTO DE DAMASCO, manuscrito descoberto em uma sinagoga do Cairo antes dos rolos de Qumran.

O documento de Damasco parece obra de ZADOQUEUS e tem muita semelhança com os Saduceus, afirmou um estudo de Schecther.

 

No MMT também pode-se concluir que o material talmúdico atual é muito mais acurado do que se pensava,  que a visão farisaica realmente  predominou no período asmoneu e que ela não seria uma invenção posterior anacrônica do judaísmo rabínico.

Confirma isto também o fato de que a terminologia e algumas leis registradas em fontes rabínicas, algumas em nome dos fariseus e outras atribuídas a sábios anônimos do século I, eram na verdade aplicadas e aceitas pelos fariseus.

O judaísmo rabínico incorporado no TALMUDE não é uma invenção pós-destruição, as raízes do judaísmo rabínico remontam pelo menos ao período asmoneu.

 

No PESHER NAHUM, um texto de Qumran, os saduceus são denominados MANASSÉS, os adversários dos EFRAIM ( fariseus). Neste texto os saduceus são descritos como membros aristocráticos da classe dominante.

 

Uma série de leis dos saduceus encontradas no MMT tem equivalentes no PERGAMINHO DO TEMPLO

Os saduceus não aceitavam qualquer lei que não tivesse relação com a Bìblia

 

Conclusões de Schifmann :

Um processo de sectarismo e de mentalidade separatista foi evoluindo durante todo o período asmoneu e atingiu seu apogeu no período herodiano. Um grupo de sacerdotes originalmente saduceus, tiveram a liderança do MESTRE DA JUSTIÇA, que provavelmente só passou a chefiar após o MMT ser escrito, se transformou no grupo que recolheu e redigiu os rolos da seita de Qumran.

 

O judaísmo rabínico pós destruição de Jerusalém se baseou em linhas gerais, no farisaísmo, embora também incluísse alguns aspectos das tradições das seitas e dos grupos apocalípticos.

O cristianismo, a princípio herdou o apocalipsismo imediato desses grupos minoritários, ou seja, o cristianismo é em grande parte a continuação de tendências oriundas do judaísmo do Segundo Templo e que foram rejeitadas pela corrente principal farisaico-rabínica.

 

 

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