OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO   

 

7 - ORIGEM PALESTINA X ORIGEM BABILÔNICA PARA OS ESSÊNIOS

 

Teoria PALESTINA da origem dos ESSÊNIOS

 

Esta hipótese acredita que o povo que escreveu os manuscritos do mar morto e fundou a comunidade de Qumran, os Essênios, teve sua origem na própria Palestina, como uma reação contra a helenização do judaísmo palestino. O processo de helenização começado no século III antes da Era Comum, tornou-se mais evidente e definitivo, tanto culturalmente como politicamente no começo do século II antes do Cristo.

172 a.C. -  Onias, o legítimo sacerdote zadoqueu, da linha de sacerdotes de Zadoque o sumo-sacerdote de DAVI, foi assassinado em 172 a.C., foi substítuido então por Menelau, um judeu helenizado e não zadoqueu, considerado então um usurpador. 

Antíoco IV, o suserano sírio, forçou ainda mais a helenização e aumentou a opressão religiosa.

165 a.C. - Em 165 a.C. houve a primeira rebelião Judéia, sob a liderança militar de Judas Macabeu, Judas, Jônatas e Simão, todos macabeus tornaram-se reis, esta foi a chamada dinastia dos ASMONEUS.

Porém após esta tomada de poder vitoriosa, os Asmoneus não promoveram uma volta a  ortodoxia judaica, ao contrário,  o processo de helenização acentuou-se ainda mais. Judas Macabeu promoveu tratado de amizada com Roma e nomeou judeus helenizados como embaixadores.

152 a.C. - Neste ano, Jônatas o segundo irmão Macabeu, tornou-se ele próprio Sumo-Sacerdote, o que assinalou uma segunda usurpação e um motivo de ódio e repúdio aos Asmoneus, por segmentos judaicos tradicionais.

 

Neste ambiente surgiu a seita dos Essênios e finalmente a comunidade de Qumran.

Um líder nomeado Moré Tzedeque, ou , Mestre da Justiça,  um genuíno descendente de Zadoque e consequentemente legítimo pretendente ao título de Sumo-Sacerdote, tornou-se o líder e mentor desta ordem.

Sofrendo perseguições do Sumo-Sacerdote Asmoneu, que eles passaram a chamar de Sacerdote Ímpio, isolaram-se no deserto as margens do Mar Morto em Qumran.

 

Teoria BABILÔNICA da origem dos ESSÊNIOS

 

Esta outra teoria localiza a origem dos Essênios na Babilônia, em época bem mais recuada, durante o exílio dos Judeus na Babilônia.

586 a.C. - Neste ano os Judeus foram derrotados pelos Babilônicos e houve a destruição do primeiro Templo de Jerusalém, muitos judeus foram removidos da Judéia e exilados na Babilônia.

Os hebreus exilados, consideraram o exílio como um castigo divino, e penitenciaram-se de seus pecados praticando na babilônia um judaísmo muito ortodoxo, com a estrita observância da lei escrita, sem influência do mundo helênico, para que o castigo divino nunca mais se repetisse.

Na época da vitória de Judas Macabeu, grande parte do povo exilado voltou para a Palestina, para a Judéia conquistada, o seu verdadeiro lar e terra prometida.

Estes que retornaram para sua terra, já podem ser chamados de Essênios, os judeus que praticavam a estrita observância da lei Mosaica, na terra da Babilônia.

Mas desapontaram-se profundamente com a espécie de Judaísmo helenizado praticado na sua nação, tentaram trazer seus irmãos pecadores de volta à verdade, mas não conseguindo, retiraram-se para a solidão de Qumran, numa comunidade isolada em que poderiam inicialmente vivenciar o Judaísmo que consideravam puro.

Guiados pelo Mestre da Justiça, a história se repete com na origem Palestina, o Mestre é o herdeiro de Zadoc, o legítimo sumo-sacerdote do Judaísmo, a estrita observância da lei mosaica é o único caminho da verdade religiosa que pode salvar seu povo do julgamento messiânico.

A teoria babilônica conclui que o DOCUMENTO DE DAMASCO foi originalmente escrito pelos judeus que viviam na DIÁSPORA, durante o exílio babilônico. 

Este documento ja era antigo na fundação de Qumran, e foram encontradas 9 cópias dele,

 

O documento de Damasco é o principal sustentáculo desta teoria, com os seguintes argumentos:

- O documento indica uma partida da terra de Judá, e uma viagem ás terras do Norte ou á terra de Damasco.

-Tem passagens no documento que indicam que o movimento essênio já existia muito tempo antes do Mestre da Justiça.

-Essa origem anterior da seita reflete-se numa história do documento de Damasco que fala da abertura de um poço da Lei. Alguns que cavavam o poço o faziam em resposta a um chamamento divino, outros seguiam os preceitos do Mestre da Justiça. O primeiro grupo é identificado como "os retornados de Israel que saíram da terra de Judá e estavam exilados na terra de Damasco"

-Também o documento de Damasco contém um sumário histórico que culmina com o exílio na Babilônia. O documento afirma que entre os que sobreviveram ao exílio, "Deus estabeleceu seu pacto eterno com Israel, revelando-lhes os fatos ocultos em que todo  Israel se extraviara" (Israel são os essênios, todo Israel são o restante do povo judeu que se extraviou).

Damasco é um designação simbólica para Babilônia, esclarecido a designação em uma passagem de Amós (5,26-27) e também em Atos (7,43).

-A vocalização de certas palavras Assírio-Babilônicas do famoso "Pergaminho de Isaías" encontrada nas cavernas de Qumran reflete um protótipo babilônico.

-Grande parte dos preceitos da legislação do documento de Damasco destina-se a uma comunidade vivendo num ambiente não judaico. Muitos preceitos regem contatos com os gentios. Judá dificilmente pode ser considerado um ambiente gentio apesar de sua grande helenização.

 

OS ESSÊNIOS E OS CARAÍTAS

 

A teoria da origem babilônica conclui que o DOCUMENTO DE DAMASCO foi originalmente escrito pelos judeus que viviam na DIÁSPORA, no exílio babilônico.

O documento de Damasco já era muito antigo no tempo da fundação de Qumran, e na biblioteca de Qumran foram encontradas 9 cópias o que atesta a importância de tal documento.

Os proponentes da teoria palestina afirmam que as citações no documento, sobre o exílio do povo israelense para a terra de Damasco não é real, é somente simbólica, mas alguns fatos históricos reforçam a teoria da origem babilônica:

O documento de Damasco afirma que nem todos que adotaram a NOVA ALIANÇA na terra de Damasco voltaram para a Palestina, tendo alguns permanecido na Babilônia, o que aconteceu a estes judeus?

Curiosamente mais de 1300 anos após a deportação dos judeus para a Babilônia, após a destruição do primeiro templo em 586 a.C., surgiu lá um movimento judaico ultraconservador babilônico, que rejeitavam o Talmude e a Lei Oral, considerados acréscimos não autênticos à Bíblia. 

Os integrantes deste movimento são chamados CARAÍTAS.

As semelhanças com os preceitos destes Caraítas, um movimento medieval, com a comunidade de Qumran, são marcantes e sugestivas. 

Os remanescentes essênios ou seus descendentes que permaneceram na Babilônia, podem ter influenciado a seita Caraíta.

 

Ou seja os judeus exilados (Essênios) , da Nova Aliança, que ficaram na Babilônia, mantiveram seus preceitos e sua identidade por tanto tempo que 1500 anos depois deram origem aos CARAÍTAS.

 

Os CARAÍTAS foram uma seita poderosa no judaísmo. Opunham-se veementemente aos RABANITAS (os que aceitavam o Talmude e a Lei Oral).

Nos séculos X e XI os caraítas tinham milhões de adeptos, em centros no Egito, Síria, Palestina e Pérsia, além da Babilônia, e mais tarde até na Espanha, no império Otomano e Europa Oriental.

Remanescentes continuaram existindo por séculos após o movimento ter deixado de ser uma força grande na vida judaica e até hoje ainda existem, ainda existem uns 10.000 deles.

Assim também se acredita que os Essênios, que também foi uma seita que cresceu e se espalhou, tenham sobrevivido por séculos em bolsões na babilônia e dado origem aos Caraítas.

 

Por isto acredita-se que o Documento de Damasco que remonta a 500 antes de Cristo, foi encontrado nas versões escritas nos séculos X e XI , na idade Média, numa sinagoga do Cairo, porque  era um livro muitíssimo importante para os Essênios e posteriormente para os Caraítas, e foi para lá no auge do movimento em um dos centros importantes dos Caraítas.

 

Para concluir há uma referência a uma seita de Zadoqueus na literatura Caraíta.

Solomon Schechter detectou elementos Caraítas no documento de Damasco e consegui perceber antes das descobertas de Qumran que o documento de Damasco realmente continha " a constituição e a doutrina de uma seita de há muito extinta".

Quando então anos depois encontraram-se 9 cópias do documento de Damasco datando do tempo de Cristo, nas cavernas de Qumran, então ficou provado que Solomon estava certo, o Documento de Damasco era mesmo o grande livro de uma seita ancestral.

 

(Anan ben David -foi o fundador da seita Caraíta no século VIII depois de Cristo) 

 

 

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