Teoria
PALESTINA da origem dos ESSÊNIOS
Esta
hipótese acredita que o povo que escreveu os manuscritos do mar morto e
fundou a comunidade de Qumran, os Essênios, teve sua origem na própria
Palestina, como uma reação contra a helenização do judaísmo palestino.
O processo de helenização começado no século III antes da Era Comum,
tornou-se mais evidente e definitivo, tanto culturalmente como
politicamente no começo do século II antes do Cristo.
172
a.C. - Onias, o legítimo sacerdote zadoqueu, da linha de sacerdotes
de Zadoque o sumo-sacerdote de DAVI, foi assassinado em 172 a.C., foi
substítuido então por Menelau, um judeu helenizado e não zadoqueu,
considerado então um usurpador.
Antíoco
IV, o suserano sírio, forçou ainda mais a helenização e aumentou a
opressão religiosa.
165
a.C. - Em 165 a.C. houve a primeira rebelião Judéia, sob a liderança
militar de Judas Macabeu, Judas, Jônatas e Simão, todos macabeus
tornaram-se reis, esta foi a chamada dinastia dos ASMONEUS.
Porém
após esta tomada de poder vitoriosa, os Asmoneus não promoveram uma
volta a ortodoxia judaica, ao contrário, o processo de
helenização acentuou-se ainda mais. Judas Macabeu promoveu tratado de
amizada com Roma e nomeou judeus helenizados como embaixadores.
152
a.C. - Neste ano, Jônatas o segundo irmão Macabeu, tornou-se ele
próprio Sumo-Sacerdote, o que assinalou uma segunda usurpação e um
motivo de ódio e repúdio aos Asmoneus, por segmentos judaicos
tradicionais.
Neste
ambiente surgiu a seita dos Essênios e finalmente a comunidade de Qumran.
Um
líder nomeado Moré Tzedeque, ou , Mestre da Justiça, um genuíno
descendente de Zadoque e consequentemente legítimo pretendente ao título
de Sumo-Sacerdote, tornou-se o líder e mentor desta ordem.
Sofrendo
perseguições do Sumo-Sacerdote Asmoneu, que eles passaram a chamar de
Sacerdote Ímpio, isolaram-se no deserto as margens do Mar Morto em
Qumran.
Teoria
BABILÔNICA da origem dos ESSÊNIOS
Esta
outra teoria localiza a origem dos Essênios na Babilônia, em época bem
mais recuada, durante o exílio dos Judeus na Babilônia.
586
a.C. - Neste ano os Judeus foram derrotados pelos Babilônicos e houve a
destruição do primeiro Templo de Jerusalém, muitos judeus foram
removidos da Judéia e exilados na Babilônia.
Os
hebreus exilados, consideraram o exílio como um castigo divino, e
penitenciaram-se de seus pecados praticando na babilônia um judaísmo
muito ortodoxo, com a estrita observância da lei escrita, sem influência
do mundo helênico, para que o castigo divino nunca mais se repetisse.
Na
época da vitória de Judas Macabeu, grande parte do povo exilado voltou
para a Palestina, para a Judéia conquistada, o seu verdadeiro lar e terra
prometida.
Estes
que retornaram para sua terra, já podem ser chamados de Essênios, os
judeus que praticavam a estrita observância da lei Mosaica, na terra da
Babilônia.
Mas
desapontaram-se profundamente com a espécie de Judaísmo helenizado
praticado na sua nação, tentaram trazer seus irmãos pecadores de volta
à verdade, mas não conseguindo, retiraram-se para a solidão de Qumran,
numa comunidade isolada em que poderiam inicialmente vivenciar o Judaísmo
que consideravam puro.
Guiados
pelo Mestre da Justiça, a história se repete com na origem Palestina, o
Mestre é o herdeiro de Zadoc, o legítimo sumo-sacerdote do Judaísmo, a
estrita observância da lei mosaica é o único caminho da verdade
religiosa que pode salvar seu povo do julgamento messiânico.
A
teoria babilônica conclui que o DOCUMENTO DE DAMASCO foi originalmente
escrito pelos judeus que viviam na DIÁSPORA, durante o exílio
babilônico.
Este
documento ja era antigo na fundação de Qumran, e foram encontradas 9
cópias dele,
O
documento de Damasco é o principal sustentáculo desta teoria, com os
seguintes argumentos:
-
O documento indica uma partida da terra de Judá, e uma viagem ás terras
do Norte ou á terra de Damasco.
-Tem
passagens no documento que indicam que o movimento essênio já existia
muito tempo antes do Mestre da Justiça.
-Essa
origem anterior da seita reflete-se numa história do documento de Damasco
que fala da abertura de um poço da Lei. Alguns que cavavam o poço
o faziam em resposta a um chamamento divino, outros seguiam os preceitos
do Mestre da Justiça. O primeiro grupo é identificado como "os
retornados de Israel que saíram da terra de Judá e estavam exilados na
terra de Damasco"
-Também
o documento de Damasco contém um sumário histórico que culmina com o
exílio na Babilônia. O documento afirma que entre os que sobreviveram ao
exílio, "Deus estabeleceu seu pacto eterno com Israel,
revelando-lhes os fatos ocultos em que todo Israel se extraviara"
(Israel são os essênios, todo Israel são o restante do povo judeu que
se extraviou).
Damasco
é um designação simbólica para Babilônia, esclarecido a designação
em uma passagem de Amós (5,26-27) e também em Atos (7,43).
-A
vocalização de certas palavras Assírio-Babilônicas do famoso "Pergaminho
de Isaías" encontrada nas cavernas de Qumran reflete um protótipo
babilônico.
-Grande
parte dos preceitos da legislação do documento de Damasco destina-se a
uma comunidade vivendo num ambiente não judaico. Muitos preceitos regem
contatos com os gentios. Judá dificilmente pode ser considerado um
ambiente gentio apesar de sua grande helenização.
OS
ESSÊNIOS E OS CARAÍTAS
A
teoria da origem babilônica conclui que o DOCUMENTO DE DAMASCO foi
originalmente escrito pelos judeus que viviam na DIÁSPORA, no exílio
babilônico.
O
documento de Damasco já era muito antigo no tempo da fundação de
Qumran, e na biblioteca de Qumran foram encontradas 9 cópias o que atesta
a importância de tal documento.
Os
proponentes da teoria palestina afirmam que as citações no documento,
sobre o exílio do povo israelense para a terra de Damasco não é real,
é somente simbólica, mas alguns fatos históricos reforçam a teoria da
origem babilônica:
O
documento de Damasco afirma que nem todos que adotaram a NOVA ALIANÇA na
terra de Damasco voltaram para a Palestina, tendo alguns permanecido na
Babilônia, o que aconteceu a estes judeus?
Curiosamente
mais de 1300 anos após a deportação dos judeus para a Babilônia, após
a destruição do primeiro templo em 586 a.C., surgiu lá um movimento
judaico ultraconservador babilônico, que rejeitavam o Talmude e a Lei
Oral, considerados acréscimos não autênticos à Bíblia.
Os
integrantes deste movimento são chamados CARAÍTAS.
As
semelhanças com os preceitos destes Caraítas, um movimento medieval, com
a comunidade de Qumran, são marcantes e sugestivas.
Os
remanescentes essênios ou seus descendentes que permaneceram na
Babilônia, podem ter influenciado a seita Caraíta.
Ou
seja os judeus exilados (Essênios) , da Nova Aliança, que ficaram
na Babilônia, mantiveram seus preceitos e sua identidade por tanto tempo
que 1500 anos depois deram origem aos CARAÍTAS.
Os
CARAÍTAS foram uma seita poderosa no judaísmo. Opunham-se veementemente
aos RABANITAS (os que aceitavam o Talmude e a Lei Oral).
Nos
séculos X e XI os caraítas tinham milhões de adeptos, em centros no
Egito, Síria, Palestina e Pérsia, além da Babilônia, e mais tarde até
na Espanha, no império Otomano e Europa Oriental.
Remanescentes
continuaram existindo por séculos após o movimento ter deixado de ser
uma força grande na vida judaica e até hoje ainda existem, ainda existem
uns 10.000 deles.
Assim
também se acredita que os Essênios, que também foi uma seita que
cresceu e se espalhou, tenham sobrevivido por séculos em bolsões na
babilônia e dado origem aos Caraítas.
Por
isto acredita-se que o Documento de Damasco que remonta a 500 antes de
Cristo, foi encontrado nas versões escritas nos séculos X e XI , na
idade Média, numa sinagoga do Cairo, porque era um livro
muitíssimo importante para os Essênios e posteriormente para os
Caraítas, e foi para lá no auge do movimento em um dos centros
importantes dos Caraítas.
Para
concluir há uma referência a uma seita de Zadoqueus na literatura
Caraíta.
Solomon
Schechter detectou elementos Caraítas no documento de Damasco e consegui
perceber antes das descobertas de Qumran que o documento de Damasco
realmente continha " a constituição e a doutrina de uma seita de
há muito extinta".
Quando
então anos depois encontraram-se 9 cópias do documento de Damasco
datando do tempo de Cristo, nas cavernas de Qumran, então ficou provado
que Solomon estava certo, o Documento de Damasco era mesmo o grande livro
de uma seita ancestral.
(Anan
ben David -foi o fundador da seita Caraíta no século VIII depois de
Cristo)
PRÓXIMA
HOME
ÍNDICE E PÁGINA INICIAL SOBRE
OS MANUSCRITOS
|