O
Pergaminho do Templo foi o mais longo rolo encontrado nas cavernas de
Qumran. O rolo todo mede mais de 8 metros de comprimento. Ele foi
resgatado do esconderijo no assoalho de uma loja de um comerciante judeu,
durante a guerra dos 6 dias em 1967, onde apodrecia guardado numa caixa de
sapatos. Antes dele o Pergaminho de Isaías, que contém o livro completo
de Isaías, era o maior rolo encontrado em Qumran, com 6 metros de
comprimento.
A
pele usada no pergaminho é das mais finas que se conhece, nunca
ultrapassando a espessura de 1/10 de milímetro
O
tipo de escrita no pergaminho indica que foi escrito no fim do período
herodiano, por volta de 50 depois de Cristo ou pouco antes, esta é a
idade desta cópia, não a idade em que o texto foi composto.
A
data de composição do texto parece remontar entre 150 e 125 antes de
Cristo. Os achados ainda não publicados da Caverna 4 parecem corroborar
esta conclusão.
Yigael
Yadin, o arqueólogo judeu, responsável pelo resgate do manuscrito e
principal estudioso do texto, acreditava que o pergaminho era a TORÁ dos
Essênios, ou lei básica, escrita pelo MESTRE DA JUSTIÇA, era um livro
sagrado muito importante.
Algumas
razões que favorecem esta idéia de Yadin são:
O
manuscrito contém longas passagens do PENTATEUCO (os 5 primeiros livros
da Bíblia, a Torá de Moisés na denominação hebraica), as vezes
contém capítulos inteiros. Porém é escrito em primeira pessoa, como se
fosse o próprio Deus falando e não Moisés referindo-se a ele na
terceira pessoa. Esta substituição é feita mudando o tetragrama DEUS do
pentateuco por EU ou ME.O
manuscrito também contém leis suplementares que não constam do
pentateuco.
O
tetragrama de Eu e Me nos escritos de Qumran está grafado na forma
Aramaica Quadrada, que é típico dos textos bíblicos ou canônicos, já
textos não bíblicos tem este tetragrama escritos na forma de
Paleo-Hebraico (o paleo hebraico é a escrita antiga do judaísmo, após a
volta do exílio babilônico os exilados trouxeram uma nova forma chamada
de aramaica quadrada, que substituiu a forma arcaica, mas a arcaica ainda
era mantida em casos especiais como cunhagem de moedas, tanto em 165 a.C.
como em 65 d.C. )
Um
manuscrito tão longo ser copiado tantas vezes também é um indício
forte de que era um livro sagrado.
Yadin
afirma que é até provável que ele contenha excertos de alguns livros
perdidos, mencionados na Bíblia e resguardados pela tradição essênia.
O
TEMPLO DE JERUSALÉM
Por
exemplo, quando os israelitas vagavam pelo deserto receberam a ordem para
construir um templo ao Senhor quando estivessem na terra prometida (deuteronômio
12,10-11:)
A
construção do Templo de Jerusalém foi uma das mais importantes tarefas
que os judeus foram incumbidos de realizar.
Na
bíblia há instruções precisas de como construir o tabernáculo,
utensílios e leis de uso, porém não há nada sobre como construir o
templo. Apesar de cronistas bíblicos posteriores notando esta omissão
terem escrito sobre o assunto com frases vagas.
A
tradição judaica até fala de um livro sagrado do templo, mas é um
livro perdido.
Bem
o fato é que o PERGAMINHO DO TEMPLO, tem instruções muito detalhadas e
precisas sobre a construção de um templo de Jerusalém, o autor tinha conhecimento da
tradição do livro do templo.
OS
ESTATUTOS DO REI
Além
do pergaminho do templo ter a maior parte falando sobre a construção do
templo, e daí seu nome, ele também tinha uma considerável porção
falando de leis e preceitos relativos ao REI de Israel, a TORÁ do REI.
Os
assuntos tratados nesta parte do manuscrito também podem estar
relacionados a outro livro perdido mencionado na Bíblia.
Ainda
no deserto os israelitas receberam ordem de estabelecer um rei na terra
prometida (deuteronômio 17,14-15).
Em
Samuel é dito que ele escreveu num livro que colocou diante do
Senhor , o livro das regras do rei, ora a bíblia não contém
praticamente nada sobre as leis do rei.
Sameul
somente fala sobre a formação de exércitos (capitães de mil e
capitães de cinquenta) e sobre o direito do rei de um dízimo (um dízimo
de suas sementeiras e suas vinhas ....). Coincidentemente estes dois
tópicos são os mais importantes abordados nos Estatutos do Rei do
Pergaminho do Templo !
No
deuteronômio diz que quando o rei se sentar no trono, escreverá para si
um translado desta lei num livro, do que esta diante dos sacerdotes
levitas.
No
pergaminho do templo o autor usar esta frase do deuteronômio para iniciar
seu texto sobre o assunto, porém ele suprimiu a expressão translado
desta lei, e no lugar colocou "esta é a lei"
Conclui
Yadin que por todas estas razões fica claro que para os Essênios o
pergaminho do templo era um livro canônico sagrado, no mesmo nível dos
outros da bíblia.
É
óbvio que hoje em dia, homens chegarão a achar que o pergaminho do
templo seria uma cópia exata ou seria os livros perdidos de que fala a
bíblia, é um pensamento que invariavelmente ocorre ao leigo que le sobre
o assunto, e estas palavras são minhas do autor desta síntese, não de
Yadin.
Conclusões
de Yigael Yadin
O
PERGAMINHO DO TEMPLO é um livro de leis, leis para a comunidade, no seu
presente e no futuro para os herdeiros de zadoque que voltariam a ocupar
seu lugar de poder em Jerusalém.
Além
de tratar sobre a construção e regras do templo, regras para o rei,
o
texto também fala de feriados extraordinários não mencionados na
bíblia como o festival da cevada nova, o festival do vinho novo, do óleo
novo, e a oferenda da madeira.
Existem
outras leis tratando de idolatria, promessas, juramentos, animais puro e
impuros, impurezas rituais e normas de testemunho. Para quem já leu o
Pentateuco sistematicamente reconhece este tipo de escrito de regras.
Resumindo
estes ponto sobre o escopo do pergaminho do templo, o arqueólogo Yigael
Yadin avalia o tipo do compositor do texto original.
Este
que se presume ser o Mestre da Justiça, seria um especialista no
pentateuco, o manuscrito é ordenado conforme os temais principais,
um modo diferente da bíblia.
O
autor funde bíblicas de um mesmo assunto e principalmente harmoniza e
unifica leis bíblicas repetidas, diferentes e até conflitantes.
É
uma abordagem diferente da do judaísmo rabínico que afirma que sempre
que uma passagem da escritura estiver repetida é porque há algum ponto
novo incluído (talmude babilônio sota3a).
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