Este
capítulo é continuação do precedente, baseado também no artigo de
Yigael Yadin o arqueólogo estudioso do PERGAMINHO DO TEMPLO.
O
autor do artigo para a revista arqueológica bíblica publicou um estudo
detalhadíssimo sobre o pergaminho do Templo num trabalho em 3 volumes.
O
Pergaminho do Templo faz uma rígida interpretação das leis bíblicas,
também estipula regras à cidade santa de Jerusalém inteira tão
rígidas como no acampamento do tabernáculo do deserto.
Por
exemplo: assim como no acampamento do deserto, as necessidades
fisiológicas não podiam ser feitas dentro da cidade, então eles
construíram banheiros públicos nos limites da cidade, e tinham que sair
para lá para realizar suas necessidades, a distância para os sanitários
era de 3000 cúbitos dos limites da cidade, porém uma regra do sabhat
não permite que se ande mais de 3000 cúbitos neste dia, então no dia do
sabhat não se podia alcançar as latrinas e consequentemente não se
podia ir ao banheiro.
O
historiador Josefo que no século I d.C. viveu entre os essênios confirma
que ele realmente obedeciam estas regras, e ele também fala de uma porta
na cidade de Jerusal´me que não é mencionada em nem um outro lugar, ele
a chama de PORTA DOS ESSÊNIOS, é provável que esta fosse a porta que
usavam para sair para as latrinas.
Josefo
fala que a porta ficava próximo a um local chamado Betsoa que quer dizer
lavatório.
Outras
proibições das regras Essênias :
Eram
totalmente proibidas as relações sexuais dentro de Jerusalém, isto pode
ser um indício do celibato como doutrina.
As
pessoas com sinal de impureza eram impedidas de entrar na cidade e ficavam
confinada a locais construídos a leste da cidade.
O
pergaminho do templo também proíbe os leprosos de entrarem em Jerusalém,
como o foram no deserto.
São
3 lugares especiais preparados fora da cidade:
-O
local para evacuar
-O
local dos que tiverem tido uma descarga noturna (sexo)
-O
local onde ficam separados os leprosos. (sempre a leste)
Os
leprosos ficavam sempre a leste, porque os judeus acreditavam que a lepra
se disseminasse com o vento, que lá sopra de oeste para leste, pois bem,
a leste de Jerusalém, na encosta oriental do monte das oliveiras havia
uma colônia chamada Betânia, é provável que ali fosse um lugar para os
leprosos.
Muitas
pessoas fizeram comparações com a seita dos essênios e o cristianismo
primitivo, muitas vezes afirmando que Jesus era um essênio, ou pró
pensamento essênio. Mas não é isto que o estudo do judaísmo primitivo
e os atos de Jesus e os apóstolos parece demonstrar.
Que
houve influência do pensamento essênio sobre o cristianismo primitivo
isto é evidente, mas não sobre o pensamento de Jesus de Nazaré, pelo
contrário, Jesus parecer ser anti-essênio e anti-fariseu.
Práticas
e doutrinas cristãs que se achavam inovadoras para a época de Cristo,
depois da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto , foi evidenciado
que eram parte da seita de Qumran, e conhecidas dos essênios a já 200
anos antes. Não eram inovações cristãs.
Porém
a influência essênia no cristianismo deve ser avaliada em diferentes
extratos temporais.
Note-se
que o cristianismo hoje em dia, NÃO É calcado exclusivamente no
pensamento de JESUS.
As
idéias exclusivas de Cristo foram modificadas de certa maneira por grandes personalidades que espalharam a boa nova cada um a sua maneira e
conforme seu ponto de vista.
2
delas são PAULO e JOÃO BATISTA.
As
doutrinas e as práticas de JESUS, JOÃO e PAULO não são
iguais, os manuscritos do mar morto servem para esclarecer essas
diferenças.
JESUS
Esteve
propositalmente na casa de Simão, um leproso, antes de entrar em
Jerusalém.
O
Sermão da Montanha alude a uma crítica aos essênios, Jesus diz à
multidão :
"Ouviste
o que foi dito... odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo, amai vosso
inimigos."
Quem
disse "Odiarás teu inimigo" ? Não existe doutrina em nenhum
texto judaico que afirma tal preceito, porém no MANUAL DA
DISCIPLINA que é um livro de leis básicas dos essênios está escrito
que os integrantes da seita devem jurar amar os filhos da luz (os
integrantes da própria seita) e odiar os filhos das trevas ( TODOS os
NÃO essênios).
Também
no evangelho de Marcos, nota-se uma postura anti farisaica e anti essênia,
conta que Jesus está num barco no mar da Galiléia e tem apenas um pão,
os discípulos se preocupam e Jesus os censura: Guardai-vos do fermento
dos fariseus e do fermento de Herodes.
Os
essênios eram especialmente protegidos de Herodes e por vezes chamados de
herodianos.
A
explicação e as palavras subsequentes de Jesus nesta passagem são de
difícil explicação no contexto desta síntese, e eu recomendo a leitura
do artigo de Yigael Yadin no livro de Hershel Shanks.
JOÃO
BATISTA
Ele
tem um relacionamento muito diferente com os essênios, pode até ter sido
um membro da comunidade.
Ele
atuava na região em torno de Qumran, observava o celibato e provinha de
família de sacerdotes. O tipo de batismo que ele pregava, e lhe valeu o
cognome Batista, também era praticado pelos essênios, e que sabe-se não
só pela literatura dos manuscritos mas também pelas instalações
encontradas em Qumran.
Os
outros judeus praticavam banhos rituais em água viva, isto é, água
corrente, ou com ao menos um canal de água viva num tanque para purificar
esta água. Já os essênios praticavam o batismo numa piscina de água
parada.
O
batismo dos primórdios do cristianismo pode ter sido adotado por
influênica dos essênios , por intermédio de João Batista.
PAULO
As
epístolas de Paulo tem as maiores semelhanças entre os essênios e o
cristianismo primitivo.
Os
filhos das trevas e os filhos da luz.
A
refeição comunal comum a Qumran e ao primeiros cristãos; parecem
influências vindas de Paulo.
Paulo
era um fariseu, foi convertido no caminho para Damasco, queria libertar o
povo das restrições da lei mosaica, mas como ser um judeu sem tais
leis.
Os
essênios apesar de uma seita rígida de ortodoxia judaica, servia ao
propósito, pois repudiavam o templo de Jerusalém, tinham seu próprio
calendário, e leis próprias. Privados de um templo legítimo,
desenvolveram uma teologia e prática religiosa que lhes permitiam viver
sem aquela casa de culto, em seus próprios centros monásticos, como o
deserto de Qumran.
Os
essênios rejeitavam o templo de Jerusalém e seu culto, assim
como os primeiros cristãos , isto propiciou a influência dos essênios
sobre os cristão, é natural.
MESMO
em se levando em conta que o cristianismo iria ser levado a negar
totalmente tudo aquilo que os essênios mesmo queriam preservar e resgatar.
O
cristianismo afinal era em essência anti judaico, mas sofreu alguma
influência de uma única seita minoritária porque partilhava uma
oposição ao judaísmo dominante.
Mas
note-se que as rejeições dos essênios eram TEMPORÁRIAS, sua oposição
cessariam "quando os exilados dos filhos da luz voltassem do deserto
para acampar no deserto de Jerusalém" (pergaminho da guerra)
Já
o cristianismo não, nunca voltaria a ter relações de poder com o templo
de Jerusalém, com o pontificado judaico, iria sempre através dos tempos
se afastar cada vez mais.
-Ainda
bem para Jesus, porque suas idéias prevaleceram, a maculação ocorrida
pelas idéias dos apóstolos é coisa natural que sempre ocorre, os homens
são INDIVÍDUOS, acima de tudo.
Conhecendo
as idéias radicais essênias é de sentir alívio que Jesus não fosse um
essênio ou pró-essênio.
Não
há coisa pior na humanidade como sociedade que o FANATISMO RELIGIOSO. (nota
do autor desta página)
Alguns
enigmas cristãos que recebem alguma luz no estudo dos manuscritos de
Qumran.
O
sistem de calendário solar essênio fazia com que os feriados
caíssem sempre no mesmo dia da semana, os essênios tinham os feriados
novos ou anteriormente desconhecidos, descritos no pergaminho do templo,
eles calculavam as datas destes festivais e eles começavam num
DOMINGO.
Note
que assim o domingo passa a ser um dia muito importante, hoje no mundo
cristão é o Domingo que domina, não o Sábado.
O
judaísmo rabínico entendia que o deuteronômio limitava a 18 as esposas
do rei, basenado-se no fato de que o rei DAVI teve 18 esposas.
O
pergaminho do templo, ao contrário diz que :
O
rei não tomará outra esposa, pois somente ela estará com ele todos os
dias da vida dela. Porém se ela morrer ele pode tomar para si outra
esposa
Esta
é uma clara norma contra a bigamia e o divórcio. Esta talvez tenha sido
a precursora da doutrina cristã sobre o assunto.
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